Graham French

Lençóis Maranhenses

Declaração do Artista

Lençóis Maranhenses é um lugar mágico sob qualquer olhar. Quando o sol se levantou na minha primeira manhã em Santo Amaro, após me recuperar da viagem do Rio – uma longa jornada de 16 horas -  me deparei com um vasto e ondulante mar de areia, salpicado de manchas formadas por lagoas negras, e mal consegui me conter para conhecê-lo.

Nuvens varriam o céu enquanto ventos incansáveis criavam um jogo de luzes e sombras que mudavam de maneiras inesperadas sobre a areia. Estes contrastes monocromáticos, reminiscentes dos negativos fotográficos, produziam uma sensação ilusória de imobilidade e me remeteram ao meu projeto “Cloudscapes” (Nuvens). Minha arte existe nesta dicotomia elementar, na dissonância produzida pela tentativa de registrar a verdade das paisagens em constante movimento através do imobilismo inerente à fotografia.

Fascinado pela calma aparente, comecei a fotografar. Os resultados, mostrados aqui, constituem o início de uma exploração da tensão singular entre a areia, o vento e a água, que só existem nos Lençóis Maranhenses.

A rica textura e as suaves superfícies produzem um erotismo escuro e inegável: qualquer noção de beleza aqui é superada pela intensidade da paisagem que desafia a percepção formal de distâncias. Em um cenário de altos bancos de areia branca, uma colina próxima pode na verdade ser uma distante duna. Pequenos detalhes do distante assumem importância solene. São evidências de vida em uma paisagem onde o desfazer é um tema recorrente.

O raiar de cada novo dia produz mudanças dramáticas e inconfundíveis neste lugar. Entretanto, minha mais profunda admiração desta paisagem, com suas luzes intensas e imaculadas,  vem da verdade irrefutável do longo tempo que estão aqui. É com muito prazer que compartilho este lugar.